Gestão de Transporte

Como monitorar o desempenho de uma transportadora

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Como monitorar o desempenho de uma transportadora
Hivecloud
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Atualizado em 22 de janeiro de 2024

O monitoramento do desempenho das transportadoras é uma das principais preocupações dos gestores da área de logística. A adoção de sistemas inteligentes os ajuda a mensurar resultados. Um desses softwares é o Transportation Management System (TMS), que permite maior controle da operação e da gestão do transporte de cargas.

O TMS é desenvolvido em módulos, podendo ser adaptado às demandas de cada cliente, interligando todas as áreas da companhia. Dessa forma, o sistema integra as ações dos diversos setores da companhia – do comercial ao operacional, do faturamento ao setor financeiro, do serviço de atendimento ao cliente (SAC) à logística.

Graças ao sistema, a transportadora consegue determinar com precisão os custos de operação. O TMS calcula as despesas com os veículos, mão-de-obra, manutenção da frota, além de mensurar índices de discrepância nas entregas. Dessa forma, a empresa reúne dados capazes de estabelecer tabelas de frete.

    OTIF

    A adoção de sistemas inteligentes representa apenas um dos aspectos do monitoramento de desempenho. A definição de indicadores – os Key Performance Indicators (KPIs) – complementa a tarefa. No caso da avaliação dos aspectos relacionados ao tempo e à velocidade da entrega, utiliza-se o indicador On Time In Full (OTIF), responsável pela métrica de qualidade da entrega de produtos.

    Com o OTIF, o gestor é capaz de saber se o produto foi entregue na data ou horário estabelecido com o cliente. Não basta apenas cumprir o prazo (on time).

    A carga deve ser entregue dentro de especificações de qualidade, quantidade, dimensões e em perfeitas condições; ou seja, um pedido completo (in full). Há ainda uma extensão do indicador, chamado de OTIF error-free (sem erros) – que se refere especificamente à documentação, rotulagem, especificações e avarias da carga.

    O cálculo do que se convencionou chamar de Pedido Perfeito é simples. Como exemplo, uma transportadora nos últimos 12 meses conseguiu efetuar 99% das entregas no prazo, 97% de pedidos completos e 88% de entregas sem erros. O cálculo segue a seguinte fórmula:

    OTIF = 99% x 97% x 88%

    OTIF = 0,99 x 0,97 x 0,88

    OTIF = 0,845064

    OTIF = 84,5% (nível baixo de atendimento ao cliente)

    De posse do resultado, o gestor desenvolverá ações no sentido de melhorar o desempenho justamente nos processos que envolvem a expedição de documentos, a rotulagem, as especificações e avarias de carga. A adoção do sistema de automação TMS pode eliminar esse gargalo e melhorar a performance da transportadora.

    Mark-up

    Outra forma de monitorar o desempenho se dá por meio do mark-up, método empregado para calcular o preço de venda do frete, tendo como base o custo da empresa. Esse parâmetro deve cobrir outras despesas não incluídas no custo, tais como impostos sobre vendas, taxas variáveis, despesas administrativas fixas, despesas fixas de vendas, custos fixos indiretos e a margem de lucro.

    O cálculo de mark-up, utiliza-se a seguinte fórmula:

    mark-up = 1 / 1- soma das taxas percentuais

    Para fins de exemplo, serão utilizados os dados da tabela a seguir:

    Descrição
    Percentual
    Valor
    Preço de venda
    100%
    1.000,00
    PIS/Cofins
    – 9,25%
    (-) 92,50
    ICMS
    – 12%
    (-) 120,00
    Comissões
    – 5%
    (-) 50,00
    Despesas administrativas/financeiras
    – 10%
    (-) 100,00
    Despesas fixas de vendas
    – 10,59%
    (-) 105,90
    Custos indiretos (fixos)
    – 20%
    (-) 200,00
    Lucro (10% / (1 – IR/CSLL)
    – 13,16%
    (-) 131,60
    Custo variável
    20,00%
    200,00

    mark-up = 1 / 1 – 0,8 (soma das taxas percentuais)

    mark-up = 5,00

    Cabe lembrar que o mark-up é um dos parâmetros para a negociação do preço do frete. Ele é diretamente proporcional ao valor do custo fixo total.

    Prazo Médio de Recebimento

    O parâmetro compreende o tempo decorrido entre o início do serviço de transporte – geralmente caracterizado pela emissão da CTe – e o recebimento da fatura. O cálculo se dá a partir da média ponderada pelo valor do frete em cada entrega. O resultado oferece às empresas elementos para dimensionamento do caixa. Isto porque os insumos no setor têm custo elevado e companhia efetua o desembolso antes do recebimento do valor do frete.

    A fórmula de cálculo é:

    PMR = (VF18*d1 + VF2*d2 + … VFn*dn) / d1 + d2 … + dn)

    Margem de contribuição

    Um elemento que deve ser avaliado no desempenho da transportadora é a margem de contribuição. Ele expressa o valor que cada frete vendido deve destinar para pagamento de despesas fixas mensais e com quanto deve contribuir para a formação do lucro.

    O indicador assume papel importante na gestão de uma transportadora. Há casos em que o contrato de serviço apresenta baixa lucratividade. A princípio, ele não deveria ser renovado. No entanto, por ter margem de contribuição positiva, contribui para o rateio dos custos fixos.

    Trabalhando com o exemplo de frete vendido a R$ 1030,00, a composição do preço está expressa na tabela abaixo:

    Composição do preço de venda
    Valores
    % de Participação
    Margem de contribuição
    Custo variável
    R$ 664,40
    64,5%
    Despesas comerciais
    R$ 105,00
    10,2%
    Parcela da despesa fixa
    R$ 157,60
    15,3%
    15,3%
    Parcela para lucro
    R$ 103,00
    10%
    10%
    Margem de contribuição unitária
    25,3%
    Total = preço de venda
    R$1030,00

    A fórmula da margem de contribuição é:

    MC = [preço de venda – (custo variável + despesas comerciais) / preço de venda] x 100

    Pelo exemplo, a margem de contribuição é 25,3%.

    O monitoramento de desempenho e a adoção de sistemas inteligentes garantem à transportadora maior competitividade, graças à gestão logística adequada. Na mesma proporção, se dá o aumento da lucratividade por entrega. Os softwares, além de conferir maior agilidade às tarefas, reduzem o retrabalho e quase zeram o índice de erro.

    No caso dos ganhos de produtividade, os avanços são notados, por exemplo, na transmissão de documentos eletrônicos como CTe, formulários, ordens de serviço, assinatura de faturas etc. O monitoramento via GPS do veículo, do motorista e da carga dá maior segurança à empresa e ao cliente.

    O sistema de automação permite ainda o arquivamento ou envio via mobile de fotografias que podem comprovar a entrega da carga, a integridade da embalagem ou ainda que o motorista esteve no local, porém não encontrou o destinatário. O software gera informação em tempo real. Tais elementos aumentam o nível de confiabilidade no serviço prestado pelo transportador.

    Em um próximo post, a questão da ociosidade da frota será abordada de forma detalhada. Este parâmetro de desempenho também oferece elementos importantes para a gestão de empresas transportadoras.