Transporte de cargas

Transporte de carga viva: entenda o que é necessário conforme a legislação

6 minutos de leitura
Transporte de carga viva: entenda o que é necessário conforme a legislação
Roseane Oliveira
Escrito por:
Atualizado em 2 de maio de 2025

No transporte de carga viva existem muitas particularidades que vão além do transporte comum de mercadorias. E é importante salientar que cada regra existe para garantir a segurança e o bem-estar dos animais durante o trajeto.

Se você está pensando em atuar com esse tipo de frete, mas ainda tem dúvidas sobre os documentos obrigatórios, adaptações no caminhão e outras exigências, este conteúdo é pra você.

Saiba tudo nos próximos tópicos!

    Como funciona o transporte de carga viva no Brasil?

    O transporte de carga viva no Brasil exige cuidados bem diferentes dos fretes tradicionais, afinal envolve o deslocamento de animais como bois, vacas, porcos, cavalos e aves, que precisam de atenção durante toda a viagem.

    Para isso, a transportadora deve utilizar caminhões ou carretas adaptadas, com ventilação adequada, piso antiderrapante e espaço suficiente para garantir o bem-estar da carga viva.

    Além disso, cada espécie tem exigências próprias, então o tipo de veículo e a organização interna devem ser planejados de acordo com os animais transportados.

    Outro ponto importante é o preparo da equipe: motoristas e ajudantes devem ter treinamento específico para lidar com os animais, principalmente em viagens longas, quando é necessário monitorar o estado físico e emocional dos bichos com mais frequência.

    Esse tipo de transporte é comum tanto para a comercialização quanto para o abate, e qualquer descuido pode comprometer a saúde dos animais e gerar prejuízos financeiros à transportadora.

    Quais as regras atuais para esse tipo de transporte no Brasil?

    O transporte de carga viva no Brasil deve seguir normas rigorosas definidas pelo Ministério da Agricultura, com o objetivo de garantir o bem-estar dos animais e evitar prejuízos.

    Segundo o art Art. 3°, da Resolução CONTRAN n° 791 / 2020, O veículo de transporte de animais vivos (VTAV) deve atender aos seguintes requisitos:

    I – ser construído ou adaptado e mantido de forma a evitar sofrimento desnecessário e ferimentos, bem como para minimizar agitação dos animais, a fim de garantir a manutenção da vida e o bem-estar animal;

    II – ser adaptado à espécie e à categoria de animais transportados, com altura e largura que permitam que os animais permaneçam em pé durante a viagem, à exceção das aves, e com abertura de tamanho compatível para embarque e desembarque da respectiva carga viva;

    III – ser resistente e compatível com o peso e o movimento dos animais transportados;

    IV – indicar de forma visível na parte traseira da carroceria do veículo um número de telefone de emergência;

    V – observadas as especificações do fabricante do veículo, quando houver, a lotação de animais deve estar de acordo com as recomendações específicas do MAPA;

    VI – apresentar superfícies de contato sem proeminências e elementos pontiagudos que possam ocasionar contusões ou ferimentos nos animais transportados;

    VII – permitir a circulação de ar em todo o seu interior garantindo a ventilação necessária para o bem-estar animal;

    VIII – dispor de meios de proteção para minimizar os efeitos de temperaturas extremas;

    IX – dispor de meios para visualização parcial ou total dos animais;

    X – dispor de meios que evitem derramamento de dejetos durante sua movimentação nas vias públicas;

    XI – possuir piso antiderrapante que evite escorregões e quedas dos animais transportados fora de caixas contentoras;

    XII – possibilitar meios de fornecimento de água para animais transportados fora de caixas contentoras;

    XIII – possuir laterais e teto que protejam contra a fuga, a queda e a exposição de partes do corpo dos animais transportados para fora do veículo; e

    XIV – no caso de transporte de animais em caixas contentoras, o veículo deve dispor de estruturas que impeçam o deslocamento ou a queda dessas caixas.

    § 1° Para o transporte de carga viva em caminhões baú, deve ser previsto sistema de controle de temperatura e ventilação.

    § 2° Não é obrigatória a instalação de reservatório de água no VTAV.

    Art. 4° O compartimento de carga do VTAV deve possuir abertura para embarque e desembarque compatível com os animais a serem transportados.

    É preciso emitir documentos para transportar cargas vivas?

    Sim. Para garantir que o transporte de animais vivos ocorra de forma segura, legal e dentro dos padrões de bem-estar animal, a legislação brasileira exige uma série de documentos.

    Esses registros servem para controlar a movimentação dos animais, prevenir doenças e evitar penalizações durante fiscalizações. Confira os principais:

    Guia de Trânsito Animal (GTA)

    A GTA é o documento mais importante no transporte de cargas vivas. Emitida por órgãos de defesa agropecuária estaduais, ela reúne informações detalhadas sobre a carga, como origem, destino, tipo de veículo e identificação individual dos animais (com brincos, microchips ou tatuagens).

    O preenchimento deve ser feito com total precisão e atualizado conforme as normas vigentes. Sem a GTA, o transporte é considerado irregular e pode resultar na apreensão dos animais.

    Certificado Veterinário

    Esse documento é emitido por um médico veterinário habilitado e comprova que os animais estão saudáveis e aptos para o transporte.

    O certificado inclui dados sobre vacinações, exames clínicos e outras medidas de controle sanitário. Ele é essencial para prevenir a disseminação de doenças e garantir que os animais não sofram durante a viagem.

    Licenças e autorizações específicas

    Dependendo da espécie transportada e da região, podem ser exigidas licenças adicionais.

    Alguns tipos de animais, por exemplo, estão sujeitos a normas de conservação ambiental e precisam de autorizações específicas, como as emitidas pelo IBAMA. Por isso, antes de iniciar qualquer operação, é fundamental verificar as exigências locais e garantir que toda a documentação esteja em dia.

    Como se planejar para começar a transportar carga viva?

    O transporte de carga viva é um segmento que exige responsabilidade, estrutura e atenção à legislação.

    Para quem está começando, o ideal é montar um plano que leve em conta tanto os requisitos legais quanto as particularidades do cuidado com os animais. Veja o que você precisa considerar:

    1. Conheça a legislação e exigências do segmento

    Antes de tudo, é fundamental entender as normas que regulam o transporte de animais vivos no Brasil. Isso inclui:

    • Emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA);
    • Necessidade de Certificado Veterinário;
    • Uso de nota fiscal, CTe e MDFe, dependendo do tipo de transporte e da operação;
    • Regras sanitárias e de bem-estar animal estabelecidas pelo MAPA e órgãos estaduais.

    2. Adapte o veículo para o transporte de animais

    O caminhão precisa ser adequado ao tipo de animal transportado. Isso envolve:

    • Espaço suficiente para os bichos se movimentarem;
    • Piso antiderrapante;
    • Sistema de ventilação e controle de temperatura;
    • Proteções contra fugas e intempéries (chuva e sol);
    • Identificação externa do tipo de carga e número de emergência.

    3. Invista em capacitação

    Motoristas e ajudantes precisam estar preparados para lidar com os animais, especialmente em viagens longas.

    Treinamentos sobre bem-estar animal, procedimentos de emergência e técnicas de manejo são essenciais para garantir a segurança da carga e evitar acidentes.

    4. Tenha os documentos prontos para cada viagem

    Além da GTA e do Certificado Veterinário, você pode precisar emitir:

    • Nota Fiscal Eletrônica (NFe) – comprova a operação comercial;
    • CTe (Conhecimento de Transporte Eletrônico) – se o serviço for prestado por empresa;
    • MDFe (Manifesto Eletrônico) – exigido em viagens interestaduais ou com redespacho.

    5. Faça um bom planejamento logístico

    Avalie as rotas, tempo de viagem, paradas para descanso e alimentação dos animais. Um transporte mal planejado pode causar estresse e até morte da carga, o que representa prejuízo financeiro e risco à reputação da empresa.

    6. Use um sistema de controle

    Acompanhar as viagens, documentos e manutenções do veículo pode ser mais fácil com um sistema de gestão. Com isso, você evita erros, se organiza melhor e profissionaliza o seu serviço.

    Gostou desse post? Continue acessando o nosso blog para aprender mais.