Gestão de Transporte

Excelência operacional ou serviços logísticos integrados: Quais as diferença entre os posicionamentos estratégico?

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Excelência operacional ou serviços logísticos integrados: Quais as diferença entre os posicionamentos estratégico?
Hivecloud
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Atualizado em 6 de dezembro de 2022

No Brasil, o montante gasto em atividades logísticas excede o PIB (Produto Interno Bruto) de vários países, como Chile, Bolívia e até Portugal. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial, apenas as atividades de transporte são responsáveis por quase 10% do PIB brasileiro, que atingiu mais de US$ 50 bilhões em 1999 – número que não inclui custos diversos, como administração e armazenagem.

E apesar das barreiras que impedem o aumento da eficiência e sofisticação dos serviços logísticos no país, veremos o mercado em substancial desenvolvimento nos próximos três a cinco anos. Isso porque as empresas manterão seu foco na redução de custos através da excelência operacional ou no desenvolvimento de um portfólio baseado em soluções integradas.

Com base na pesquisa Contract Logistics In Brazil, elaborada pela consultoria Booz, Allen e Hamilton, listamos os dois grupos de operadores logísticos, os principais aspectos que os diferem e os desafios que eles enfrentarão daqui para frente:

    Os 2 grupos de operadores logísticos

    O primeiro grupo – o maior – inclui organizações que se esforçam para alcançar a excelência operacional através da prestação de serviços básicos de transporte e armazenagem, com o objetivo de serem as “melhores da sala”. Já o segundo grupo é composto por companhias que estão estendendo suas ofertas de serviço por meio da implementação de soluções logísticas integradas.

    Elas estão tentando posicionar-se no mercado como “balcões únicos” para clientes que necessitam de serviços de logística. As empresas que oferecem soluções integradas têm como público-alvo as indústrias com maior grau de complexidade logística e se concentram mais em nichos de mercado ou canais de distribuição particulares.

    Os dois grupos enfrentam grandes desafios na implementação do seu modelo de negócio, mas cada um terá oportunidades consideráveis nos próximos três ou cinco anos. No mercado, há um amplo espaço para as duas abordagens, desde que sejam bem executadas.

    No que eles diferem?

    Origem e evolução: desafios e oportunidades

    A grande maioria das empresas do primeiro grupo começou realizando pequenas operações, e gradualmente foi adicionando outros serviços básicos em seu portfólio, juntamente com algumas soluções de TI. Seu principal desafio é desenvolver uma posição de liderança num ambiente altamente fragmentado, através da excelência operacional e da relação custo-eficácia.

    Com isso, elas ganham a oportunidade de otimizar a utilização de ativos, ter uma cobertura geográfica relevante, padronizar processos e utilizar as melhores práticas de alavancagem. Já as que oferecem soluções integradas têm desenvolvido serviços logísticos mais sofisticados, como resposta às exigências dos clientes e das demandas específicas do mercado.

    Seus principais desafios são diminuir os custos, expandir a oferta de serviços e fornecer uma gestão integrada da cadeia de suprimentos. No momento, estão tentando expandir e diversificar sua base de clientes.

    O uso de facilitadores tecnológicos

    Ambos os grupos estão utilizando a TI para superar alguns desafios logísticos que existem no mercado brasileiro. Entre os principais motivos que fizeram as empresas adota-la em seus processos, destacam-se a maior facilidade de atingir potenciais clientes e o aumento da cobertura geográfica – este mais intensivo para os operadores logísticos que oferecem soluções integradas.

    Os dois grupos também enfrentam os desafios do planejamento, integração operacional, adaptação às culturas dos clientes, alinhamento de objetivos e ferramentas de avaliação e contratação de pessoal qualificado – estes dois últimos apenas para o segundo grupo. Contudo, eles já sabem que a tecnologia é uma “alavanca” fundamental para o crescimento de seus negócios.

    O relacionamento com clientes

    As companhias que buscam a excelência operacional baseiam-se em tabelas de preço e mantêm relacionamentos de longo prazo, mas na maioria dos casos sem contratos formais. Já aqueles que têm contrato assinado representam 54% e seguem medidas de desempenho, exceto de custo/preço, segundo dados da pesquisa realizada pela consultoria Booz, Allen e Hamilton.

    Além disso, elas não são proativas em estender o âmbito de seus serviços, mas buscam sempre explorar novas rotas de transporte.

    Já as transportadoras que oferecem soluções logísticas integradas desenvolveram um relacionamento mais maduro com seus clientes e tornaram-se mais proativas na ampliação de serviços e medição de desempenho.

    Elas costumam ter compromissos de longo prazo com base em contratos formais, sendo que 75% deles seguem medidas de desempenho, exceto de custo/preço. Além disso, 80% desses contratos duram mais de um ano e 25% mais de três 3 anos. Essas empresas estão começando a considerar práticas de precificação alternativas, além de procurar outras oportunidades para aumentar a oferta de seus serviços.

    Uma visão geral do mercado

    Com base nessa pesquisa, podemos concluir que há grandes oportunidades tanto para operadores logísticos que buscam excelência operacional como para os que oferecem soluções integradas atingirem o sucesso.

    Contudo, muitos processos logísticos que poderiam ser terceirizados ainda não são. Além disso, eles ainda não provaram suas capacidades de reduzir os custos dos clientes, desenvolver processos melhores e oferecer serviços de alta qualidade.

    Por isso, gradualmente terão que fornecer serviços com um maior valor agregado, tais como acompanhamento de pedidos, gestão de distribuição multimodal, logística reversa, entrega em domicílio, serviços de consultaria, entre outros. Estes são importantes principalmente para as companhias que oferecem soluções integradas, já que elas são as únicas com o objetivo de tornar-se “balcões únicos” na gestão da cadeia de suprimentos.

    Conclusão

    Para atingir seus objetivos, os operadores logísticos terão que fazer o recrutamento e retenção de funcionários qualificados, o que não é uma tarefa muito fácil. No caso do grupo que oferece soluções integradas, as empresas terão que migrar para uma plataforma de gestão logística caso queiram crescer. Enquanto isso, as transportadoras do grupo que busca excelência operacional reterão uma grande parte dos contratos do mercado.

    Mas as empresas sobreviventes serão apenas aquelas que reconhecerem hoje as futuras oportunidades, ou seja, investirem em tecnologias e pessoas. Isso também significa a criação de serviços mais completos e sofisticados, que incluem cobertura geográfica, público-alvo e mix de produtos variados. Nos próximos três a cinco anos, veremos o mercado crescendo substancialmente, devido ao fato dos clientes começarem a apreciar as mudanças ocorridas.

    Num futuro próximo, o Brasil terá um mercado de logística mais maduro, que será intensificado pelo treinamento gerencial, a aprovação da reforma tributária brasileira, a expansão das ofertas de serviços e o aumento da adoção de TI.

    Por enquanto, não há uma estratégia a ser aplicada em todas as empresas. Mas para crescer, elas precisão mobilizar um perfil de frota e armazém adequados à operação, alavancar conexões do mercado para alcançar o público-alvo, fazer alianças estratégicas e, principalmente, usar a internet tanto como uma interface de interação com clientes como um canal de vendas.

    Em qual desses dois grupos sua transportadora se encaixa? Conte para a gente ou deixe suas dúvidas nos comentários!