O transporte de cargas é uma das atividades que mais movimentam a economia no Brasil, sendo indispensável para o desenvolvimento econômico do país.
Entretanto, durante os trajetos, diversos imprevistos podem ocorrer, resultando em prejuízos, muitos dos quais são conhecidos como sinistro de carga.
Esses eventos podem causar grandes perdas financeiras para as empresas de transporte e para os embarcadores.
Neste artigo, você vai conferir o que é um sinistro de carga, os tipos mais comuns e, o mais importante, como evitá-los.
O que é sinistro de carga?
O termo sinistro de carga pode ser definido como qualquer evento inesperado que resulte em danos, perda ou roubo de mercadorias durante o transporte.
Esses incidentes podem ocorrer em qualquer fase do transporte: do carregamento até a entrega ao destinatário final.
Assim, esse sinistro pode afetar tanto a integridade física da carga quanto sua propriedade, gerando complicações legais e financeiras para todas as partes envolvidas.
Geralmente os sinistros são eventos que podem ser causados por uma série de fatores, como falhas mecânicas, acidentes de trânsito e fenômenos naturais, como tempestades.
Outro tipo comum de sinistro é o roubo de carga, que tem sido um problema crescente no Brasil nos últimos ano, representando, em 2023, uma alta de 4,8% em relação à 2022.
O que pode ser classificado como sinistro de carga?
Existem diversos tipos de sinistros no transporte de cargas, alguns dos mais comuns são:
- Acidentes de trânsito: colisões e tombamentos de veículos que resultam em danos à carga;
- Roubo de carga: furto de mercadorias durante o trajeto.
- Avaria: danos às mercadorias devido a manuseio inadequado, embalagens defeituosas ou condições adversas de transporte.
- Perda de carga: carga extraviada ou entregue no destino errado.
Vale ressaltar que esses sinistros além dos danos diretos às mercadorias, eles podem gerar custos adicionais, como multas contratuais, perda de clientes e até processos judiciais.
Principais tipos de sinistros
Além dos tipos, os sinistros podem ser classificados em diferentes categorias, dependendo da causa e do impacto. Alguns dos principais são:
Sinistro parcial:
Ocorre quando apenas uma parte da carga é danificada ou perdida.
Por exemplo, se um lote de mercadorias for avariado em um acidente, mas parte dele permanecer intacta, é considerado um sinistro parcial.
Sinistro total:
Nesse caso, o sinistro compromete toda a carga.
Acidentes graves ou roubos de carga podem resultar na perda total das mercadorias.
Sinistro simples:
Refere-se a danos menores que podem ser resolvidos sem grandes complicações ou sem prejuízos significativos para o transportador ou o embarcador.
Sinistro grave:
Este é o tipo de sinistro que envolve prejuízos consideráveis e que, em muitos casos, exige o acionamento de seguros para cobrir os custos de reposição ou compensação.
Como evitar sinistros de carga?
Embora nem sempre seja possível prever ou evitar todos os sinistros, existem medidas preventivas que podem reduzir a ocorrência desses eventos. São elas:
Manutenção preventiva dos veículos
Manter a frota de veículos em bom estado de conservação ajuda a reduzir o risco de sinistros causados por falhas mecânicas.
Mas, para isso, a manutenção preventiva deve ser realizada periodicamente para que os veículos estejam aptos para enfrentar longas viagens com cargas pesadas.
Na prática, isso inclui verificar o estado dos freios, pneus, suspensão e outros componentes vitais.
Treinamento de motoristas
O motorista desempenha também tem papel essencial na segurança do transporte.
Por isso, treinamentos regulares para esse público sobre direção defensiva, como reagir em emergências e como proteger a carga em áreas de risco são importantes.
Além disso, é importante que os motoristas sejam conscientes sobre as melhores rotas, evitando áreas perigosas e preferindo rodovias com boa infraestrutura.
Uso de tecnologias de rastreamento
Investir em tecnologias de monitoramento de cargas, como rastreadores via GPS e sistemas de telemetria, é uma maneira bastante eficaz de prevenir sinistros.
Pois, com o rastreamento em tempo real, é possível acompanhar o trajeto do veículo e agir rapidamente em caso de desvio de rota ou paradas não autorizadas.
Além disso, muitos sistemas de rastreamento permitem monitorar o comportamento do motorista, ajudando a identificar práticas de direção arriscadas.
Segurança física da carga
Garantir que as mercadorias estejam devidamente embaladas e armazenadas no veículo também é uma medida de segurança importante para evitar avarias e perdas. 4
Para cargas sensíveis ou valiosas, por exemplo, pode ainda ser necessário o uso de dispositivos de segurança adicionais, como lacres eletrônicos e câmeras de monitoramento interno.
Escolha de seguros adequados
Sabemos que mesmo com todas as precauções não dá para garantir que os sinistros não vão acontecer.
Por isso, é fundamental que tanto o transportador quanto o embarcador contem com seguros adequados para cobrir os prejuízos.
O seguro de carga é obrigatório no Brasil para a maioria das operações de transporte e cobre danos à carga em situações como roubo, acidentes e avarias.
No entanto, é importante entender que o tipo de seguro deve estar alinhado ao perfil da carga transportada, afinal isso pode exigir apólices específicas para mercadorias de maior risco.
Planejamento logístico eficiente
O planejamento de rotas e a programação do transporte também têm impacto direto na segurança da carga.
Assim, escolher rotas mais seguras, que evitem áreas de alto risco para roubos, e fazer o planejamento de paradas em locais seguros são medidas que reduzem significativamente o risco de sinistros.
Qual o papel do seguro no sinistro de carga?
Como já mencionado, o seguro de carga é uma das principais ferramentas para minimizar os impactos financeiros de um sinistro.
Por isso, existem diferentes tipos de seguro disponíveis no mercado, e é essencial que o transportador ou o embarcador escolha uma apólice que esteja de acordo com as suas necessidades específicas.
No Brasil, a Lei 14.599, sancionada em 19 de junho de 2023, trouxe mudanças importantes nas regras relacionadas aos seguros de responsabilidade civil para cargas transportadas.
Com essa nova legislação em vigor, tanto motoristas autônomos quanto transportadoras agora têm o direito de contratar seus próprios seguros para proteger as mercadorias. Anteriormente, essa obrigação recaía exclusivamente sobre as empresas contratantes do serviço de transporte.
Agora, é obrigatório que os transportadores adquiram seguro de carga para obter a licença de operação e assegurar a proteção dos produtos durante o transporte.
Os seguros que se tornaram obrigatórios e de responsabilidade das transportadoras incluem:
- RCTR-C (Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga): cobre possíveis perdas ou danos sofridos pela carga durante o transporte. Esse seguro oferece a proteção necessária em casos de incidentes, minimizando os prejuízos.
- RC-DC (Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário por Desaparecimento de Carga): protege contra situações de roubo, furtos (simples ou qualificados), apropriação indevida e sequestros ocorridos durante o transporte. Essa cobertura garante segurança mesmo em circunstâncias adversas.
- RC-V (Seguro de Responsabilidade Civil de Veículo): cobre danos físicos e materiais causados a terceiros pelo veículo utilizado no transporte de mercadorias. Dada a variedade de situações que podem ocorrer nas estradas, essa cobertura é uma medida estratégica que protege não apenas a carga, mas também terceiros envolvidos.
Essa reestruturação visa aumentar a segurança e a proteção de todas as partes envolvidas no transporte de mercadorias, oferecendo um suporte mais robusto em caso de sinistros.
Se você chegou até aqui, já deve ter entendido que o sinistro de carga é uma realidade no setor de transporte, mas que pode ser minimizado com a adoção de práticas preventivas, uso de tecnologias de monitoramento e escolha de apólices de seguro adequadas.
Por isso, adotar uma postura proativa e preventiva é o melhor caminho para evitar prejuízos e garantir o sucesso das operações logísticas.
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