A Hivecloud promoveu seu primeiro webinar de logística de 2020 sobre a Covid-19 e as perspectivas para o mercado logístico no Brasil.
A live, que aconteceu no dia 14 de abril, contou com a participação de grandes nomes do setor logístico brasileiro e a interação de mais de 1.600 pessoas online. Foi possível entender um pouco mais sobre a situação do cenário logístico nesse momento de crise e os impactos que o Coronavírus trouxe para o setor de transporte.
Entre os participantes do webinar, esteve presente o CEO da Hivecloud Daniel Brasil, como mediador do debate, trazendo importantes dados sobre os impactos da Covid-19 em diversos setores e levantando as principais dúvidas que rodeiam o setor logístico atualmente.
Foram convidados ao debate especialistas da área de logística: Mário Cardoso (CFO Praxio), Carlos Mira (CEO Truckpad), Emilio Saad (CEO Fusion DMS) e Tayguara Helou (Presidente do SETCESP).
Confira as principais informações levantadas nesse encontro!
Primeiros impactos
No início de março, o Brasil começou a sentir os efeitos do Coronavírus. Eventos esportivos e outros acontecimentos que geram aglomeração começaram a ser cancelados, assim como o fechamento de escolas e outras instituições no setor educacional.
Com as medidas de distanciamento social cada vez mais latentes, diversas atividades de atendimento ao público precisaram ser fechadas. Entre elas os restaurantes, lojas, shoppings e outros departamentos, até chegar à situação atual. Com todas essas mudanças, o setor logístico começou a sentir os primeiros impactos.
1. Trabalho remoto
A adaptação ao home office que as transportadoras e outros segmentos da área logística estão passando foi um dos primeiros impactos sentidos, em virtude do Coronavírus, segundo a análise de Carlos Mira, do Truckpad, no webinar de logística.
Isso porque não é um modelo de trabalho comum, principalmente no setor de transporte de cargas, mas as empresas se viram obrigadas a aderir o quanto antes para atender ao isolamento social.
Então o processo de digitalização de algumas atividades, que normalmente levaria mais de um mês para ser implantada, precisou ser estabelecida em uma média de 15 dias. O que levou à descoberta e ao uso de ferramentas digitais, que antes eram pouco ou nem sequer utilizadas pelas transportadoras.
2. Transporte de passageiros
De acordo com Mário Cardoso, diretor financeiro da Praxio, o impacto no setor de transporte de passageiros é mais grave que a maioria de outros setores na economia. No mercado de ações, essas empresas estão entre as mais penalizadas com a Covid-19.
O movimento operacional do transporte de passageiros pode chegar a zero, devido às medidas de restrição cada vez mais urgentes. Isso porque é um setor que transporta pessoas, tanto para fins urbanos, turismo e eventos.
3. Transporte de cargas
Sobre o transporte de cargas, tanto fracionada quanto lotação, é um setor com um capital de negócio bastante intenso e com custos altos. Embora seja um serviço essencial, o transporte de cargas é atingido nesse momento com a diminuição na demanda de compra de produtos não essenciais. Ao mesmo tempo, precisa lidar com o aumento da distribuição de produtos fundamentais à população.
Para Tayguara Helou, presidente do SETCESP (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), o grande desafio é ter que operar também com pouca carga para atender às demandas da população.
Acompanhe abaixo dois dos gráficos apresentados na pesquisa realizada pelo Departamento de Custos Operacionais da NTC&Logística, entre os dias 6 e 12 de abril de 2020, sobre o impacto do Coronavírus no transporte de cargas fracionada e lotação, a nível nacional.
Impacto no transporte de cargas fracionadas
Nesse primeiro gráfico, que representa as quedas no volume de carga fracionada, nota-se a menor variação ocorrendo nos mercados e supermercados (-27,19%), visto que são locais que vendem os produtos essenciais à população.
Já os locais com maior variação da demanda foram as lojas diversas de rua (-58,37%), ou seja, aquelas em que a necessidade de compra no momento é reprimida.
Impacto no transporte de cargas lotação
No que diz respeito à variação da demanda por tipo de carga no modelo lotação, a área industrial de farmacêuticos foi a que menos sofreu queda na semana da pesquisa, com -5,07%.
Ao contrário do que ocorre na área de automobilismo, onde há uma queda significativa na demanda de -64,13%, acompanhada da linha branca também do setor industrial (-55,57%), que se refere aos eletrodomésticos não-portáteis.
Guerra de fretes
Outro assunto discutido durante o webinar de logística foi a grande queda no volume de transporte de cargas, que causou um aumento na competição de fretes.
Essa prática pode se tornar perigosa para a transportadora, isso porque a empresa que decide entrar em uma guerra de fretes fazendo diminuição da sua tarifa pode se prejudicar ainda mais financeiramente.
Os palestrantes concordaram que, nesse cenário de crise, o momento é de pensar de forma otimizada na gestão de caixa. Ou seja, cada estratégia deve ser bem analisada para não comprometer o financeiro da transportadora, que já está abalado pela crise do Coronavírus.
Impacto econômico para o PIB do transporte
De acordo com os números trazidos por Mario Cardoso, da Praxio, quando se fala do PIB brasileiro (que é o Produto Interno Bruto, ou seja, a soma dos bens e serviços finais utilizada como indicador de economia de uma região) e o impacto que ele sofre com a Covid-19, estima-se que o prejuízo seja entre 300 e 600 bilhões de reais. Trazendo para o setor de transportes, a expectativa é de uma perda do PIB de 11 a 21 bilhões de reais.
Ainda segundo Cardoso, o PIB do transporte vem há três anos crescendo modestamente: 1,2% em 2017, 2,2% em 2018 e apenas 0,2% em 2019. Mas nos anos de 2015 e 2016, houve uma diminuição no volume de negócios de quase 10%. Isso mostra que o setor de transporte ainda opera abaixo do nível de 2014.
Como a falta de investimento público é frequentemente apontada como o maior fator que limita o crescimento do transporte, e levando em consideração o histórico do PIB nesse setor, os especialistas acham difícil acontecer uma recuperação econômica em pouco tempo.
A dica que eles levantam para o gestor de transportadora é investir em melhorias e ganhos operacionais. Compartilhamento de cargas, otimização da gestão de frete terceirizado, análise preditiva de demanda e otimização de supply chain (cadeia de suprimentos) foram alguns exemplos citados.
Desafio no e-commerce
Com o impacto econômico causado pelo fechamento dos estabelecimentos físicos, diversos negócios migraram rapidamente para o digital, incluindo comércios, serviços e até mesmo indústrias.
Segundo Emílio Saad, o processo começou com pequenos varejos criando e-commerces. Porém, rapidamente atacadistas e distribuidores de grandes redes começaram a trabalhar com e-commerces também.
O desafio maior, segundo o especialista, é a previsibilidade da demanda. No modelo tradicional de vendas, com o representante comercial, a demanda é previsível. Porém, no digital, a demanda é altamente imprevisível, pois diversos clientes podem gerar pedidos a qualquer dia da semana.
É por isso que a tecnologia tem sido uma grande aliada. Através de sistemas digitais, torna-se mais simples otimizar processos, melhorar o nível de serviço e ainda reduzir custos. Já existem diversas ferramentas para gestão de negócios digitais que podem trazer os mais variados benefícios para o negócio, sendo uma tendência durante a crise investir nelas.
Capacidade operacional das transportadoras
Após a greve dos caminhoneiros no ano de 2018, a população brasileira percebeu a importância do transporte de cargas para o abastecimento das cidades. Hoje, isso torna-se motivo de preocupação.
Pois, de acordo com uma pesquisa feita recentemente pela CNT (Confederação Nacional de Transportes) sobre os impactos da Covid-19 para os transportes, 53,7% das transportadoras têm recursos para operar em até, no máximo, um mês. O que evidencia a necessidade de medidas para auxiliar as empresas a enfrentarem essa crise.
Porém, segundo a fala do presidente do SETCESP no webinar de logística, o prejuízo na cadeia de abastecimentos não vai acontecer em curto prazo, apesar da possibilidade de falência de muitas transportadoras. De todo modo, é necessário um planejamento logístico adequado para suprir às necessidades de cada setor.
Expectativas para o futuro
Com as mudanças que estão acontecendo, mesmo antes das medidas de isolamento social, a forma como as atividades de logística são realizadas já é diferente.
E nesse momento atual de crise como propulsor, as transportadoras e outras empresas do setor logístico são obrigadas, cada vez mais, a mudar a maneira como se relacionam na cadeia de suprimentos e a fazer parte da transformação digital.
Frota terceirizada no mercado atacadista distribuidor
Para Emilio Saad da Fusion DMS, o setor atacadista e distribuidor adere cada vez mais ao transporte terceirizado. Isso acontece em virtude das oscilações de venda que podem trazer prejuízo financeiro para quem tem frota própria, causando assim dois cenários:
- Falta de veículos quando há picos de venda, o que causa uma baixa no nível de serviço;
- Veículos parados quando há baixas na venda, o que também gera prejuízo.
Logo, a partir do momento em que há uma experiência positiva com as transportadoras, os atacadistas terceirizam 100% da entrega. E isso gera para as transportadoras a responsabilidade de manter o mesmo nível de serviço oferecido pela frota própria, ou maior.
Para isso, a tecnologia vem a ser uma grande aliada para o gestor de transportadora. Com ela, é possível realizar a gestão de transporte de maneira otimizada, com informações completas do cliente e do status da mercadoria em tempo real.
Tecnologia a favor da logística
Com a quantidade de ferramentas digitais disponíveis no mercado, é possível que tanto transportador quanto embarcador otimizem suas operações dentro da cadeia de suprimentos.
1. Gestão de frete para transportadora
O gestor de transportadora também pode contar com ferramentas online para realizar uma melhor gestão da sua transportadora. Ele terá uma visão completa de toda mercadoria e o status desde a coleta até a entrega ao cliente. Em um sistema TMS (Sistema de Gestão de Transporte), a transportadora tem todas as suas atividades centralizadas em um único sistema:
- Controle e gestão da mercadoria do cliente;
- Controle e gestão completa da frota;
- Aplicativo para acompanhar em tempo real sobre a entrega;
- Emissão de documentos como CTe e MDFe, além do CIOT;
- Integração via EDI.
2. Frete online para transportadoras
Hoje as transportadoras podem aparecer para embarcadores de todo Brasil por meio de sites de frete online. O gestor de transportadora cadastra sua empresa para aparecer nos resultados de pesquisa de frete feita pela empresa embarcadora. A transportadora pode ainda exibir o seu valor na hora, de acordo com cotação feita.
Para a empresa embarcadora, contar com uma plataforma de frete online ajuda a reduzir o tempo de negociação e permite mais agilidade nas operações logísticas. O que com certeza levaria mais tempo ao ter que ligar para diversas transportadoras, esperar receber a tabela de fretes por e-mail e analisar qual tem o melhor preço.
3. Inteligência Artificial para transporte, logística e armazenagem
Para transportadoras que necessitam automatizar a sua empresa, o sistema ERP Cargas e Logística da Praxio é totalmente pensado e desenvolvido para o setor de transporte rodoviário.
O software possui recursos que otimizam e integram os processos dos departamentos da transportadora, e robôs que realizam diversas etapas da operação. O que torna tudo mais ágil e diminui os erros, já que não há mais tanta necessidade da intervenção humana.
O ERP disponibiliza aplicativos que permitem o controle da jornada do motorista, o checklist do veículo e efetivam a coleta e a entrega da carga transportada.
Também exibe todas as informações das operações de transporte em painéis separados de acordo com a realidade da transportadora e a necessidade do cliente, além de permitir a visualização de diversos indicadores de performance.
4. Aplicativo de cargas para caminhoneiros
Os caminhoneiros autônomos e transportadoras podem contar com aplicativos de celular que ajudam a encontrar cargas para transportar de acordo com a sua disponibilidade, como é o caso da solução oferecida pelo Truckpad.
Ao baixar o aplicativo, o caminhoneiro informa o seu tipo de caminhão e logo em seguida pode pesquisar por uma carga, a partir do local de partida e do destino escolhidos. Nos resultados de pesquisa, aparecerão as opções de carga disponíveis com as informações da empresa embarcadora e um botão para entrar em contato.
5. Gestão de entrega para atacadista e distribuidor
Para os atacadistas e distribuidores que necessitam realizar a montagem de cargas, o monitoramento de veículos e fazer a gestão dos seus motoristas de forma mais eficiente e automatizada, o sistema oferecido pela Fusion DMS é capaz de ajudar nessas atividades.
Com a funcionalidade de fazer um roteiro e que ajuda a montar cargas automaticamente, o usuário terá acesso ao melhor agrupamento, sequência e trajetos para fazer as suas entregas. Cada veículo pode ser monitorado pelo gestor atacadista e distribuidor, onde ocorrendo qualquer desvio do roteiro estabelecido, ele é prontamente notificado.
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