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Logística Reversa: O que é e como se aplica ao Transporte de Cargas

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Logística Reversa: O que é e como se aplica ao Transporte de Cargas
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Atualizado em 30 de março de 2023

A logística reversa é um tema cada vez mais debatido e exigido de empresas em todo o mundo. Mas você sabe por que isso está acontecendo?

Entenda agora o que é a logística reversa e qual a importância de ajustar sua gestão de transportes para atender essa demanda.

Neste conteúdo você vai entender:

  • Como surgiu o conceito de Logística Reversa;
  • O que é Logística Reversa;
  • Como funciona a Logística Reversa;
  • Exemplos de Logística reversa;
  • Como funciona a Logística Reversa no Brasil;
  • Produtos com Logística Reversa Obrigatória;
  • O Transporte de Cargas na Logística Reversa;
  • Documentação de Transporte na Logística Reversa;
  • Desafios na Gestão de Transportes.

Boa leitura!

    Como surgiu o conceito de Logística Reversa

    A logística reversa não é um tema novo. Ela já é uma realidade em diversos países da Europa desde a década de 1970.

    Isso porque foi lá que surgiram as primeiras indústrias do mundo, nos modelos que existem até hoje.

    O tema surgiu quando a quantidade de lixo produzido nas cidades passou a ser um problema de gestão para governos, empresas e cidadãos.

    Tudo isso porque a poluição causada pelo lixo sem tratamento correto causa diversos problemas à saúde humana, além de contaminar a água, o solo e o ar, afetando assim todas as formas de vida do planeta.

    Por isso, foram criadas leis e regulamentos no sentido de responsabilizar as indústrias e toda a cadeia de consumo pelo descarte adequado dos bens de consumo.

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    O que é Logística Reversa

    A logística reversa se refere a todas as ações realizadas no sentido de retornar os resíduos sólidos de uma produção industrial, seja para o reaproveitamento, ou para outra destinação final ambientalmente adequada.

    É desse modo que a quantidade de lixo gerada pelas indústrias diminui. Mas se engana quem pensa que apenas elas são as responsáveis pelo processo.

    Como funciona a Logística Reversa

    Para entender como funciona a logística reversa, é importante conhecer primeiro como a logística tradicional trabalha na fabricação de um produto para o consumidor final.

    Pra resumir, a logística atua em toda movimentação de cargas de uma indústria, desde a busca de matérias-primas com os fornecedores, até a distribuição dos bens produzidos entre os pontos de venda, o comércio e o consumo propriamente dito.

    O fluxo mais comum de distribuição de um produto vai da sua produção ao consumidor final.

    Já a logística reversa acontece no sentido inverso, com o resíduo do produto gerado pelo consumidor final, após o consumo, sendo enviado de volta à indústria.

    Esse retorno pode acontecer em qualquer uma das etapas de distribuição do produto, incluindo: após a entrega aos distribuidores, após a entrega aos comerciantes, após a venda aos consumidores ou após o consumo do produto e seu descarte.

    O fluxo da Logística Reversa segue o caminho inverso, partindo do consumidor final com destino ao produtor.

    >> Entenda também o conceito de Supply Chain

    Logística Reversa – Exemplos

    1. Após a venda

    Um exemplo muito comum de como a logística reversa funciona é na compra de produtos com defeito.

    Nesses casos, sendo assim, o consumidor costuma devolver o produto à loja em que comprou o produto com defeito.

    A loja, então, envia o produto de volta à indústria, podendo aproveitar a rede de distribuição que já existe para fazer o caminho de volta.

    >> Confira como a roteirização pode otimizar seu planejamento de transportes.

    2. Após o consumo

    O retorno dos resíduos para indústria também pode acontecer após o consumo do produto e seu descarte.

    À vista disso, um exemplo são as garrafas de vidro de refrigerante ou cerveja. Após o consumo, é possível devolver os recipientes para o comércio onde as garrafas foram compradas.

    O comerciante, então, devolve as embalagens para a indústria de bebidas.

    Dessa forma, a indústria pode reciclar todo o vidro recebido e utilizá-lo novamente em sua produção, economizando assim os recursos naturais e diminuindo a produção de lixo.

    3. Após a distribuição

    Outra situação comum é quando o pedido é feito com erro. Nesses casos, muitos produtos podem ser enviados a mais para o ponto de venda.

    Ao perceberem o erro na quantidade de produtos recebidos, os profissionais podem exigir a devolução dos itens a mais, fazendo, assim, com que as mercadorias retornem para os cuidados da indústria.

    Como funciona a Logística Reversa no Brasil

    A logística reversa é obrigatória no Brasil segundo os moldes da Lei Nº 12.305, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), desde agosto de 2010.

    Segundo a PNRS, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e o poder público possuem responsabilidade compartilhada pelos resíduos resultantes da produção dos bens de consumo.

    O Ciclo da Logística Reversa

    A Lei da Logística Reversa vale para todos?

    É importante esclarecer que a PNRS é direcionada a produtos de todos os tipos e vale em todo o Brasil.

    Porém, ela funciona como uma orientação para que o poder público e as entidades representativas dos setores criem sua melhor estrutura de funcionamento, seja nas esferas municipais, estaduais ou federais.

    Mas, atenção! Alguns produtos são obrigados a estruturar sistemas de logística reversa desde a instauração da lei, em 2010.

    Produtos com Logística Reversa Obrigatória

    Segundo a PNRS, os envolvidos na cadeia de produção dos seguintes produtos são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa no Brasil:

    • Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;
    • Pilhas e baterias;
    • Pneus;
    • Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
    • Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
    • Eletroeletrônicos e seus componentes.
    Sinalização obrigatória para cargas perigosas

    Logística Reversa dos Correios

    O serviço de retorno logístico mais popular do Brasil é oferecido atualmente pelos Correios.

    A logística reversa dos Correios é usada para retornar mercadorias do consumidor ao lojista, nos casos de devolução ou troca no e-commerce.

    Sendo assim, ela pode acontecer através de coleta no endereço indicado pelo cliente, ou através da postagem do objeto em uma das agências dos correios.

    Os custos da logística reversa dos Correios, seja por Sedex ou outro, pode ser repassado ao cliente, ao lojista ou à indústria, dependendo do acordo firmado para a devolução.

    >> Conheça uma alternativa aos Correios para o transporte de cargas.

    O Transporte de Cargas na Logística Reversa

    Em síntese, o processo logística reversa apresenta uma série de desafios logísticos.

    Isso porque, do mesmo modo que na logística tradicional, é preciso definir estrategicamente os melhores pontos para a coleta dos materiais, além de planejar como eles serão armazenados, embalados e distribuídos entre os caminhões, bem como acertar os dias e locais de entrega de todo o material.

    Dessa forma, para que todo esse processo ocorra bem, é preciso estabelecer um bom Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).

    Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

    O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos é o documento feito pela indústria para identificar o tipo dos resíduos gerados, além de estabelecer como armazenar, transportar, manejar, tratar e destinar cada um deles.

    Ele segue alguns passos básicos, como:

    • Identificar todos os resíduos gerados, assim como as atividades da empresa;
    • Mensurar a quantidade de resíduo gerada;
    • Classificar cada um dos resíduos segundo a norma técnica ABNT – NBR 10.004/04;
    • Definir como os resíduos serão segregados, considerando sua fonte geradora, a CONAMA 275/01 e a NBR 10.004/04, a fim de evitar contaminações;
    • Definir os locais para armazenamento temporário dos resíduos, seguindo as especificações das NBR 11.174/90 e 12.235/92.
    • Como será realizado o transporte;
    • Qual será a destinação final dos resíduos.

    É recomendado transportar os resíduos até estes atingirem, no máximo, 3⁄4 (três quartos) da capacidade do local de armazenamento temporário, obedecendo sempre seus critérios de segregação.

    Porém, é preciso ter atenção quanto a algumas licenças especiais que sua empresa pode precisar para o transporte.

    Licenças especiais para o transporte de resíduos

    Conforme a Resolução Nº 5232, de dezembro de 2016, da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), existem licenças especiais para o transporte de resíduos de produtos perigosos, sendo estes:

    • Materiais Explosivos;
    • Gases;
    • Líquidos Inflamáveis;
    • Sólidos Inflamáveis;
    • Substâncias Oxidantes;
    • Substâncias Tóxicas e/ou Infectantes;
    • Materiais Radioativos;
    • Corrosivos,
    • Substâncias Perigosas Diversas.

    Nestes casos, pode ser preciso emitir licenças como:

    • Licença ambiental no órgão estadual de Meio Ambiente (para transportes intermunicipais);
    • Licença junto ao IBAMA (para transportes interestaduais);
    • Cadastro no IBAMA para Atividades Potencialmente Poluidoras – CTF-APP (no caso de transportadoras);
    • Cadastro como Operador de Resíduos Perigosos (CNORP), junto ao IBAMA.
    Exemplo de cadastro no IBAMA para Atividades Potencialmente Poluidoras – CTF-APP

    Documentação de Transporte na Logística Reversa

    No caso do transporte de resíduos perigosos, também é preciso gerar alguns documentos especiais.

    1. Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR)

    O Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) é um documento que acompanha o transporte de resíduos industriais até a destinação final ambientalmente adequada.

    Dessa forma, o MTR possui diferentes modelos em cada estado, sendo definido pelo órgão ambiental local.

    2. Número do código ONU

    Dessa forma, o documento fiscal que acompanhará a carga deve informar o número do código ONU de cada resíduo transportado, além de sua classe de risco.

    > Você pode conferir cada uma dessas classes clicando aqui.

    3. Certificado de Coleta

    O Certificado de Coleta é um documento que pode ser emitido pela transportadora para informar os tipos de resíduos coletados, bem como as quantidades.

    4. Ficha com Dados de Segurança de Resíduos Químicos

    A Ficha com Dados de Segurança de Resíduos Químicos (FDSR) é um documento que contém diversas informações sobre do resíduo transportado.

    Em síntese, ela é gerada pela indústria e entregue ao transportador para que ele conheça exatamente as regras de manipulação da carga e a transporte dentro das normas de segurança.

    5. Controle de Transporte de Resíduos

    O Controle de Transporte de Resíduos (CTR) é um documento fiscal que registra a correta destinação do resíduo.

    O CTR tem a mesma função do MTR. Em meio a isso, a escolha entre um ou outro documento se dá de acordo com o estado em que a carga está, ou seja, cada estado estabelece se usará um ou outro modelo.

    Ele deve ser arquivado pela indústria, pela empresa que transportou a carga e também pela empresa que recebeu o resíduo.

    >> Conheça outros documentos que o embarcador de cargas precisa emitir para o transporte no Brasil.

    Desafios na Gestão de Transportes

    Gerenciar os transportes de cargas em uma indústria é um desafio e tanto.

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